Isso dá uma média de uma morte a cada seis horas, ou quatro mortes por dia.
Um dos principais fatores que levam ao aumento nos índices de consumo e vítimas do álcool é a banalização da droga na sociedade. Não à toa, 79% dos jovens que possuem entre 12 e 17 anos já consumiu alguma bebida alcoólica, diz Eugenio Rozeti Filho, o Geninho, secretário Antidrogas da Prefeitura de Cascavel e representante da Associação dos Municípios do Paraná (AMP). a e Comunidade (SBMFC). “O álcool, por ser lícito e não trazer essa noção (de risco), acaba sendo uma cobra que um dia vai picar alguém”, complementa Geninho.
“A disponibilidade de bebida alcoólica é muito grande em qualquer lugar, e a maioria dos estabelecimentos não faz controle de idade para fornecer o álcool. Então um jovem consegue comprar a bebida, tem acesso fácil. Começa como uma brincadeira, mas pode ser o embrião de uma doença no médio-longo prazo”, explica o médico de família Hamilton Wagner, membro da Sociedade Brasileira de Famíli
O diagnóstico e o tratamento, de acordo com os especialistas, não é difícil (embora o índice de reincidência chegue a 90%), mas precisa contar com a disposição da pessoa com dependência e a ajuda da família. Um problema, no entanto, é que a maioria das pessoas ainda não consegue ver o alcoolismo como uma doença, o que acaba marginalizando ainda mais aqueles que sofrem com o problema.
“O alcoolismo afeta a pessoa de várias formas. Um deles é a moral, porque a família não consegue entender a doença do alcoolismo, porque é a doença do prazer. Aí não considera ele doente, mas um bêbado, vagabundo, jaguara. E isso afeta a pessoa, que se afunda cada vez mais”, explica Geninho.
Para Wagner, é preciso uma mudança de hábitos nas mais diversas esferas para que o problema seja finalmente encarado de frente. “A primeira coisa é evitar o álcool em casa. Se tem problema de álcool na tua família, deve evitar. A segunda é diminuir a propaganda de álcool nos meios de comunicação, que isso atratapalha bastante, é uma armadilha. E uma terceira coisa é tratar o assunto mais a sério dentro da própria estutura de saúde, fazendo campanhas e orientando de forma mais intensa”, finaliza.
Cada vez mais mulheres
Um fato que chama a atenção é que o problema cresce principalmente entre mulheres. Desde 2005, segundo Geninho, o consumo de álcool entre os jovens cresceu 14,5%, Entre as mulheres jovens, porém, essa alta foi de 35,5%. “O agravante é que a mulher tem um sistema enzimático mais eficiente que homem e são mais resistentes. Provavelmente, no futuro, teremos mais mulheres alcoólatras que homens”, diz.
O médico Hamilton Wagner compartilha da visão do colega. Segundo ele, o alcoolismo era até pouco tempo um problema essencialmente masculino. Hoje, porém, como a questão social mudou, elas também se tornaram vítimas. “Antes era socialmente pouco aceito uma menina embriagada. Hoje, elas já participam das brincadeiras envolvendo álcool com os amigos e as amigas. Isso é um dado novo, nos últimos 10 anos aumentou bastante. Eu diria que até os anos 1980 tínhamos 15 homens com problema para uma mulher alcoólatra. Hoje eu diria que está no 10 para 3, um número bem grande”, complementa.
Consumo seguro
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os níveis seguros de consumo de álcool são de três doses por dia para homens, não excedendo 15 doses semanais; e duas doses por dia para mulheres, não excedendo 12 doses semanais. Uma dose equivale uma lata de cerveja, 140ml de vinho ou 20ml de destilado. Pessoas que bebem até 56 doses semanais são consideradas bebedores problema. Acima disso já são classificados como dependente químico.
“Pessoas que bebem acima das 15 ou 12 doses semanais se arriscam a desenvolver dependência química, que aparece depois de dois, três meses de uso intenso, quando começam a aparecer sintomas da falta do álcool, como falta de firmeza na mão, dificuldade de dormir”, explica Wagner.alcoólatras (Com Bem Paraná)