Quinta, 17 Novembro 2016 22:29

Otite é uma das causas mais comuns de infecção na primeira infância

Considerada uma infecção recorrente e comum na idade pré-escolar (crianças até 6 anos de idade), a otite média (OM) é uma das principais fontes de doenças nesta fase. 

 

De acordo com médica Jeanne Oiticica, otorrinolaringologista e especialista em Otoneurologia, a doença lidera as causas de ida ao médico nesta faixa etária e é também o principal motivo de prescrição de antibióticos e indicação de cirurgias na infância. 

 

"Mais de 60% dessas crianças irão apresentar episódios de OM em algum momento. Até os três anos de idade praticamente todas as crianças irão apresentar pelo menos um episódio de OMA (otite aguda), e cerca de 50% delas terão episódios recorrentes (três ou mais episódios em 6 meses, quatro ou mais episódios em 12 meses)", aponta a especialista. 

 

Em geral, a otite média é causada por bactérias ou vírus. "Na maioria das vezes a causa é bacteriana. Streptococcus pneumoniae, Haemophilus Influenzae, Staphylococcus aureus, Moraxella catarrhalis e S pyogenes são as bactérias que mais comumente causam otites. 

 

Em crianças até 2 anos de idade, os vírus representam cerca de 40% dos casos, entre eles o vírus Syncycial respiratório e o Rhinovirus humano. A perfuração espontânea da membrana timpânica trata-se de uma complicação que pode ocorrer em até 30% dos casos", explica a profissional. 

 

 

Saiba quais são os sintomas e como identificá-los 

 

A OM pode ser dividida em categorias: aguda (OMA), aguda recorrente (OMAR), com efusão (OME), crônica OMC, crônica supurativa (OMCS). A OMA se caracteriza por efusão na orelha média, quadro de início abrupto e brusco, com sinais e sintomas de inflamação local, ou seja, muita dor que pode interferir no sono e nas atividades rotineiras, sensação de ouvido tampado, otorreia, além de sintomas sistêmicos como febre, mal estar geral, falta de apetite, náuseas e vômitos. 

 

A OMA Lidera as causas para uso de antibióticos em crianças. O pico de prevalência da OMA ocorre dos 6 a 18 meses de idade. Algumas crianças apresentam episódios recorrentes de OMA (OMAR), cuja definição inclui três ou mais episódios de OMA em 6 meses ou quatro ou mais episódios de OMA em 12 meses. 

 

Já a OME é definida por efusão na orelha média sem os sinais e sintomas decorrentes da infecção aguda da orelha. Ela varia de sintomas ausentes ou mínimos, a distúrbios do sono, e até mesmo perda auditiva significativa e impacto direto na fala. A OME que persiste por mais de três meses pode ser considerada OMC. 

 

Ela pode ocorrer como parte da recuperação da OMA, tendo em vista que a inflamação aguda resolveu, porém bactérias remanescentes ainda podem estar presentes na orelha. A OMCS indica inflamação persistente na orelha média, que leva à otorreia (purgação do ouvido, vazamento de pus pelo ouvido), que persiste por pelo menos 2 semanas (em alguns casos persiste por meses ou anos), com perfuração da membrana timpânica. 

 

"Inflamações/infecções do nariz não tratadas ou tratadas de forma incompleta podem afetar diretamente o ouvido. Malformação congênita do osso do ouvido, condições de baixa imunidade também podem propiciar o quadro ou complicações. Crianças com OMA em ambos os ouvidos, não tratadas com antibióticos, são mais propensas a otites persistentes. Crianças que não respondem como esperado ao tratamento padrão, em 48 a 72 horas, devem ser melhor investigadas, por meio de exame clínico mais detalhado com especialista e até mesmo exames de imagem", alerta a médica. 

 

 

Prevenção 

 

As OM podem vir acompanhadas de comorbidades como má nutrição, anemia, HIV, dentre outras. Aleitamento materno, evitar o cigarro durante e após a gestação, reduzir a exposição à poluição ambiental podem prevenir o aparecimento de OMA, suas complicações e sequelas. O tratamento imediato, adequado e correto dos quadros de gripes, resfriados, alergias, rinites, sinusites é fundamental, pois evita que a doença se alastre e ocupe a orelha média. 

 

A médica explica que algumas vacinas também têm impacto direto na prevenção da otite média, como a Pneumococcus Conjugada (VPC). "A VPC13, capaz de conferir imunidade a 13 cepas diferentes, é eficaz na prevenção de otites pelo S pneumoniae. As Vacinas Haemophilus Influenzae tipo B (Hib) conjugadas praticamente erradicaram a doença Hib invasiva em crianças, nos países onde estas são usadas de rotina", explica Jeanne. 

 

 

Tratamento 

 

O tratamento da doença é feito a base de antibióticos, corticoides, gotas tópicas no ouvido (em casos de perfuração da membrana timpânica), analgésicos, anti-inflamatórios são formas comuns de tratamento na vigência de quadro agudo, crise aguda de OM. "Para evitar recorrências é fundamental tratar a causa da otite, seja ela rinite, adenóide, baixa imunidade, alergia, etc. Em alguns casos, a cirurgia faz-se necessária, vai depender da recorrência dos sintomas e do impacto direto na fala, linguagem, sono, qualidade de vida da criança em questão", conclui a especialista.

 

 

 

Veja também:

  • Confirmada morte por infecção contraída na vacina da gripe

    A Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba confirmou ontem a morte de uma mulher de 62 anos após quase quatro meses de internamento após tomar vacina contra a gripe.

     

    A mulher tomou a dose da vacina no dia 27 de abril no Posto de Saúde Medianeira, do bairro Boa Vista. No mesmo lugar, onde outros três idosos tomaram vacina e tiveram infecção. 

  • STF deve julgar hoje direito ao aborto em casos de infecção por Zika

    O Supremo Tribunal Federal (STF) deve iniciar nesta quarta dia 07, o julgamento da ação direta de inconstitucionalidade (ADI 5581) que inclui o pedido de interrupção da gravidez como uma possibilidade excepcional para mulheres infectadas pelo vírus Zika.

     

    O diagnóstico, durante a gestação, está associado a casos de microcefalia e outras malformações fetais – sobretudo quando identificado no primeiro trimestre de gravidez.

  • Estudos mostram importância da primeira infância para qualidade de vida

    É possível estabelecer se uma criança será bem sucedida ou capaz de fazer boas escolhas no futuro?

     

    Dois estudos lançados no 6° Simpósio Internacional de Desenvolvimento da Primeira Infância, feito no Recife nesta semana, reuniram informações de mais de 150 estudos científicos, leis e pesquisas.

Entre para postar comentários