Os quase três mil manifestantes se reuniram no trevo que dá acesso a Nova Laranjeiras, na BR-277, para protestar contra a cessão de terras da empresa ao grupo de sem-terra que invadiu o local há semanas.
De acordo com o presidente da Associação Comercial e Industrial de Quedas do Iguaçu, Reni Felipe, a economia local já foi comprometida e somente após a reintegração de posse – que deve ser feita nos próximos dias – o município se recuperará. “A manifestação foi um grito de socorro da população de Quedas para mostrar que muitos moradores possuem sua renda a partir da Araupel. Com o encerramento das atividades, mais de mil funcionários serão despedidos e não há como atender toda essa demanda. O comércio local já foi afetado em 60% somente com a invasão”, relata.
Com o propósito de impedir um novo assentamento, que reunirá três mil famílias, a população de Quedas pretende pressionar a União para que o problema causado pelos invasores seja solucionado. “Moro há 47 anos em Quedas do Iguaçu e sou funcionário terceirizado da Araupel. Se a empresa fechar, os moradores se obrigarão a sair da cidade e procurar emprego em outro município”, lamenta José Carlos Moreira Pinto.
O setor imobiliário também já sofre consequências devido à invasão dos sem-terra nas áreas produtivas da madeireira. Em muitos bairros é possível encontrar casas à venda, porém sem interessados, já que hoje o município é conhecido como a ‘terra dos invasores’. “Ninguém quer comprar porque sabe que correm o risco de novas invasões e quem mora aqui quer sair porque não sabe o que poderá ocorrer”, ressalta José Carlos.
De acordo com o Estado, em três anos de governo não ocorreu nenhum problema de invasão no Paraná. “Sempre acredito que a melhor saída é a que resulta do diálogo. Tratamos com respeito os movimentos sociais e os proprietários. É preciso que o governo federal agilize os assentamentos para reduzir a pressão no campo”, afirma a assessoria.
“É preciso solucionar esse problema pacificamente e os moradores de Quedas e funcionários da Araupel estão aqui para defender seu trabalho. Isso é muito importante e mostra o empenho dessas famílias na defesa de seu município”, explica o diretor-executivo da Araupel, Tarso Giacomet.
Incra não tem área definida
O Incra informou que busca o acordo com a empresa para que essas famílias possam permanecer acampadas em uma área dentro das posses da empresa, mas a Araupel não concordou com essa posição. O instituto possui quase 80 mil hectares em processos de áreas a serem adquiridas em todo o Paraná para assentamento de famílias e pede que os acampados em Quedas do Iguaçu tenham tranquilidade para que o trabalho do Incra seja desenvolvido e, quando concluído, possam ser assentados. A empresa deve continuar normalmente com suas atividades e o Incra segue buscando uma solução para as famílias acampadas na área.
Ecocataratas
A concessionária Ecocataratas, responsável pela rodovia, apresentou interdito proibitório que impediu os manifestantes de controlar o tráfego e fechar a via, que permaneceu bastante lento durante a manifestação. Segundo eles, a promotoria de Quedas do Iguaçu encaminhou ofício à empresa informando que se caso a praça de pedágio fosse fechada – ideia inicial da manifestação – cada funcionário pagaria uma multa de R$ 1 mil.
Com informações, O Paraná.