Sexta, 25 Setembro 2015 15:16

Seis em cada dez mães cedem à vontade dos filhos na hora das compras

Ensinar os filhos a consumir de forma responsável não é uma tarefa simples.

 

No dia a dia, as mães enfrentam inúmeras dificuldades para explicar às crianças que elas não podem ganhar tudo o que pedem e na hora que querem. 

 

Um estudo realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) com mães das 27 capitais que possuem filhos com idade entre dois e 18 anos, revela que seis em cada dez (64,4%) entrevistadas não resistem aos apelos dos filhos quando eles pedem algum produto considerado desnecessário, como brinquedos, roupas e doces. O percentual é mais expressivo entre as mães de meninas (68,9%) e entrevistadas das classes C, D e E (69%). 

 

O levantamento mostra ainda, que muitas vezes, nem é preciso que os filhos manifestem o desejo de ganhar um presente para recebê-lo: 59,6% das mães compram produtos não necessários para os filhos sem que eles peçam, apenas pelo prazer de vê-los usarem coisas que gostam. "O estímulo ao consumismo, não raro, começa dentro de casa. As mães querem sempre satisfazer seus filhos, o que é compreensível, mas a vontade de agradar as crianças não pode se sobrepor as condições do próprio bolso, ainda mais em tempos de crise. Além disso, essas atitudes podem dar exemplos ruins às crianças e dificultar um eventual ajuste financeiro quando necessário", afirma a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti. 

 

"A obrigação de agradar e de proporcionar o melhor aos seus filhos faz com que parte das mães adote padrões de consumo diferentes para os filhos em relação ao restante da família", completa a economista. Exemplo disso, é que seis em cada dez mães (58,5%) afirmaram que costumam comprar roupas e calçados melhores para os seus filhos do que para si mesmas e uma em cada cinco (21,9%) entrevistadas admite que os filhos têm um padrão de vida superior ao dos outros integrantes da família. 

 

Maior parte das mães não impõe regras para presentear 

De acordo com o levantamento, quatro em cada dez mães (46,4%) admitem não adotar regras para presentear seus filhos - sobretudo no caso de filhos meninos (50,6%). Somente 15,6% das mães disseram dar presentes apenas nas datas especiais, como aniversário, Dia das Crianças e Natal, enquanto 12,7% o fazem quando o filho cumpre as regras e obrigações de casa. 

 

Dados do estudo revelam ainda que três em cada dez (29,7%) mães consultadas disseram que mesmo comprando a maioria dos produtos que os filhos pedem, eles nunca se dão por satisfeitos e sempre pedem mais coisas. "Presentear um filho é uma demonstração de afeto. Por outro lado, a ausência de regras e de limites ao consumo é uma influência negativa para as crianças e adolescentes", afirma o educador financeiro do portal 'Meu Bolso Feliz', José Vignoli. 

 

Levar o filho às compras faz as mães gastarem mais 

Levar os filhos para fazer compras no shopping center ou no supermercado pode não ser um bom negócio para as famílias sob o ponto de vista financeiro. Quatro em cada dez mães consultadas (38,6%) admitem que sempre acabam desembolsando mais do que o planejado quando saem para comprar acompanhados de seus filhos (especialmente no caso das mães de meninas 44,0%). 

 

Ainda assim, de acordo com a pesquisa, 67,3% destas mães têm o hábito de estabelecer algum combinado prévio com os filhos, como não permitir que eles peçam para comprar algo (18,6%) ou negociar o valor e a quantidade de coisas que podem ser compradas (48,7%). A economista Marcela Kawauti orienta que combinar regras antes de ir às compras pode ser uma alternativa saudável para evitar transtornos e discussões. "Este é um hábito que pode disciplinar a criança. Se as mães forem claras e firmes com os filhos, é mais provável que eles se sintam menos decepcionados quando tiverem seus pedidos negados", argumenta Marcela. 

 

As mães consultadas no levantamento declararam que mais da metade (50,8%) das últimas cinco compras de brinquedos, jogos, roupas e calçados realizadas por elas para seus filhos foi feita por impulso. No que diz respeito aos alimentos, geralmente adquiridos em supermercados e padarias, o percentual de compras por impulso é ainda maior: 55,8%. Os itens mais comprados na impulsividade são na ordem roupas (40,6%), balas, chocolates e doces (35,5%), calçados (33,4%), brinquedos (32,5%), lanches (32,2%), iogurte (25,7%), biscoitos (24,3%) e eletrônicos (19,8%). 

 

O estudo revela ainda a percepção das mães de que as crianças costumam ser determinadas quando querem ganhar algo. Quase a metade da amostra (48,5%) garante que os filhos são persistentes e não desistem do pedido até conseguir o presente desejado, principalmente no caso dos filhos meninos (53,0%). "Como as crianças percebem que a insistência, a birra ou chantagem funcionam, acabam apelando para o estado emocional das mães, transformando o consumo em moeda de troca", afirma o educador financeiro do Meu Bolso Feliz, José Vignoli. 

 

Mais de um terço das mães se endividam por causa dos filhos 

Se exceder nos gastos para fazer a vontade dos filhos pode trazer consequências danosas para a saúde financeiras da família. Quatro em cada dez mães (36,7%) ouvidas já ficaram em algum momento endividadas em decorrência das compras que fizeram para os filhos e 9,9% já deixaram de comprar produtos importantes para a casa ou de pagar alguma conta porque compraram algo que viram na mídia. 

 

Dentre as mães que acreditam que dar todos os brinquedos e passeios fará a criança mais feliz, 30,9% se encontram no vermelho, pois o dinheiro nunca é suficiente para pagar as contas. Por outro lado, o percentual de mães que fecham o mês devendo cai para 15,8% entre as que não atribuem à felicidade de seus filhos aos produtos que eles consomem. Outro fator agravante apontado pela pesquisa é que 11,1% das mães relatam brigas com o cônjuge por causa das compras que realizam para os filhos. 

 

Personagens infantis influenciam consumo das crianças 

A pesquisa investigou também quem tem a palavra final na hora de decidir quais produtos levar para casa. A aquisição de brinquedos e jogos são os itens em que mais pesa o poder de decisão das crianças (18,1%). Outros momentos em que as crianças mais decidem sozinhas são na compra dos itens de papelaria, como mochila, caderno e lápis (12,8%), eletrônicos, como celulares e tablets (9,2%), roupas e calçados (8,5%), produtos de higiene e beleza (6,3%) e alimentos em supermercados, como iogurtes, biscoitos e salgadinhos (4,4%). 

 

Os produtos licenciados, principalmente de personagens de histórias infantis e desenhos animados, são os estímulos que mais influenciam as crianças na hora da compra. Numa escala de zero a 10, sendo que quanto maior o número, maior o poder de influência, os personagens em brinquedos ocupam a primeira colocação (média de 5,79 pontos), seguido pelos produtos de material escolar (5,71), roupas e calçados licenciados (5,70), propagandas na TV (5,58), colegas de escola (5,27) e produtos expostos em pontos de vendas (4,91). 

 

17% das mães presenteiam os filhos para compensar ausência 

É bastante comum que as mães enfrentem a sensação de culpa em relação aos filhos, seja por não estarem tão presentes quanto gostariam ou por sentirem dificuldades em lidar com a frustração das crianças. Exemplo disso é que 17,4% das entrevistadas admitem compensar a ausência no dia a dia com presentes. 

 

"Todas as mães, em algum momento, já tiveram de lidar com a culpa em relação aos filhos. Elas se perguntam se estão dando pouca atenção às crianças; se deveriam ser mais disciplinadoras ou, se estão dando bons exemplos e até mesmo se deveriam dizer 'não' com mais frequência. A pesquisa indica que os sentimentos e emoções familiares, podem funcionar como gatilhos para o consumo desnecessário", afirma o educador José Vignoli. 

 

A pesquisa entrevistou 843 mães das 27 capitais que possuem filhos com idade entre dois e 18 anos. A opção por entrevistar apenas as mães se justifica porque as crianças e adolescentes, dependendo da idade, não possuem fonte de renda. Outro motivo foi para manter um padrão, neutralizando as diferenças que um pai e uma mãe podem ter na relação com seus filhos. A margem de erro é de no máximo 3,4 pontos percentuais para um intervalo de confiança de 95%.(Com Bonde)

 

 

 

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