Nas últimas semanas, um caso de tentativa de golpe online ganhou repercussão nas redes sociais após uma menina de seis anos ser aliciada por um usuário falso no Facebook. O perfil dizia pertencer à atriz Gabriella Saraivah, que interpreta a personagem Tati, na novela “Chiquititas”, do SBT. O usuário pediu à criança que ligasse a webcam para uma seleção de elenco.
Em resposta, a menina disse que ligaria para a polícia caso o perfil não fosse verdadeiro. Só depois dessa ameaça as respostas do usuário cessaram. A assessoria de imprensa do SBT precisou emitir uma nota para informar que os testes de atores para as seleções de novelas são realizados apenas dentro da emissora e pela equipe do departamento de elenco do canal.
Infelizmente, as crianças são alvos fáceis para os “predadores digitais”. “Os riscos da internet para os menores têm relação com o conteúdo impróprio, como pornografia, violência e drogas. O contato com pedófilos e outros criminosos também é facilitado pelo meio digital, já que eles conseguem se passar por qualquer pessoa, até mesmo por outra criança”, explica Mariano Sumrell, diretor de Marketing da AVG Brasil.
Os riscos não se limitam a casos de pedofilia. Toda a família pode ser exposta a perigos, caso os pais não acompanhem as atividades da criança. Um usuário falso, por exemplo, pode se passar por um amiguinho e pedir informações pessoais, como o endereço do local de trabalho dos pais, da casa e até mesmo se a família possui bens materiais.
Proteção
O primeiro passo para garantir a segurança virtual das crianças é questionar se ela já está pronta para ter um notebook ou smartphone com acesso à internet. Até os dez anos, é recomendável que o uso desses aparelhos seja muito restrito e controlado pelos pais. Se cadastrar em redes sociais, então, nem pensar. Passando dessa faixa etária, os filhos podem ter um pouco mais de autonomia, mas sempre na presença de adultos.
Ameaçar o aliciador, como no caso do perfil falso da atriz Gabriella Saraivah, é uma resposta eficaz, já que assusta a pessoa que está do outro lado da tela. Porém, a criança só aprende a se proteger dessa maneira se os pais mantêm um diálogo aberto em casa.
Essa foi a postura adotada pela blogueira Viviane Pereira, do Mãe Digital. Ela é mãe de Rafaela, 16, e Italo, 10, que sempre tiveram o acesso à internet liberado em casa. Mesmo assim, Viviane não descuidou. Tudo o que eles faziam no computador era monitorado de perto por ela. Rafaela tem mais liberdade hoje em dia, mas a mãe tem acesso irrestrito ao seu notebook pessoal.
“Além de monitorar, tomei o cuidado de deixar os computadores em áreas comuns da casa. De maneira geral, sempre expliquei os benefícios e riscos da internet. Hoje, oriento meus filhos para que não passem dados pessoais para ninguém e que também não conversem com estranhos”, conta Viviane.
Com Italo, o cuidado é redobrado. Ela acompanha todos os amigos virtuais do filho, além das publicações deles nas redes sociais. Sempre que uma pessoa tenta adicioná-lo no Facebook ou na PlayStation Network, rede especial para quem joga videogame, Viviane analisa o perfil e dá o veredicto final.
É quase impossível monitorar tudo o que crianças e adolescentes fazem no computador. Por isso, a dica dos especialistas é buscar ajuda na própria tecnologia. "Existem softwares de controle parental que são próprios para isso. Eles auxiliam os pais nessa monitoração. A grande vantagem é que a criança não consegue acessá-los para desbloquear sites ou filtros específicos", aconselha Mariano Sumrell.
Jogo limpo
Ainda que os pais se utilizem de todas as ferramentas disponíveis, a relação de confiança e proximidade com os filhos é o caminho mais efetivo contra ataques virtuais. Só explicar os riscos que existem na internet não é suficiente. Adultos devem adotar uma postura mais compreensiva, de modo que as crianças se sintam confortáveis para relatar algum desconforto ou problema na rede.
“Nós recomendamos que os pais prestem atenção às alterações comportamentais dos filhos. Se um agressor mantém contato com a criança, é muito provável que ela esteja sob algum tipo de ameaça para que não conte o que está acontecendo aos adultos. Ela sente medo e passa a se comportar de um jeito mais introspectivo”, reforça Cyllas Elia, especialista em segurança na internet.
Proibir as crianças de ter qualquer aparelho ou dispositivo com acesso à internet não é uma alternativa válida. A tecnologia já faz parte do cotidiano infantil e pode trazer uma série de vantagens educativas, além de melhorar o relacionamento entre pais e filhos. Basta dividir esses momentos com as crianças e fortalecer os laços de confiança e intimidade.
Com informações, Delas.